29 de agosto de 2008

A Balada de Joãozinho Bigode, um Don Juan americano - Parte 2

A volta de Dona Gerda teve um efeito acachapante no Schopenhaus. Logo todos estavam num frenesi dionisíaco, numa festa com incenso, roupas de cores estranhas e curiosas charuletas de ervas fumegantes e de cheiro forte. Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, as garçonetes bêbadas e desinibidas do Schopenhaus, agora chapadas idem ibidem, dançavam o créu na velocidade 5 sem desencaixar. Jurema voava pelo salão, o sino em seu pescoço balangando ding-dongs kraftwerkianos, numa náice. Tudo ia muito bem, quando se ouve um grito e o salão pára, como que num soluço:

Dr. Êpa: Mas que libertinagem é essa?

Todos os olhos se voltam para a porta, menos os de Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, que continuavam a dançar o créu na velocidade 5 (como não falam português e estão sempre bebaças, nunca conseguiram compreender o que aquele velhinho baixinho fazia no bar).

Dr. Êpa: E que fumaceira é essa?

Silêncio.

Dr. Êpa: Antenor, bote ordem nessa quizumba a-go-ra mesmo, tá me entendendo?

Silêncio.

Silêncio.

Dr. Êpa: Antenor! Rápido com isso!

Silêncio.

Dr. Êpa: Cadê o insolente do Antenor?

Freguês desavisado: Tá caído atrás do balcão, seu Êpa - opa, opa, tira a mão da minha bunda!

Todos correm em desabalada carreira para ver o que aconteceu com Antenor.

Antenor (gravitando na órbita de Plutão): Aspiurundub?

Dona Gerda (sorrisinho no canto da boca, falando para si mesmo): Deu certo minha experiência...

Jurema (filosoficamente): Mu!

O sesquicentenário Dr. Êpa está furibundo. Resolve botar ordem no barraco antes de perder a moral com a rapaziada:

Dr. Êpa (intransigente): Joguem água na cara dele! Gerda, tire esses trapos ridículos e vá já pra cozinha! O eisbein afrodisíaco está te esperando!

Lena Slutz (indignada): Seja lá quem for, tem 5 minutos pra tirar a mão da minha bunda!

Jurema (intrigada): Mu?

Gerda (agitando os braços como uma shiva da periferia): Azáfama! Vitupério! Nunca que eu volto pra aquele matadouro! Eu agora sou vegetariana!

Silêncio.

Dr. Êpa (glosando o mote): Vegetariana é o canário! Logo agora que eu já fechei contrato pra produzir o biodiesel de eisbein a senhora me vem com essa história pra boi dormir!

Jurema (pensando no boi): Mu!

Antenor (irritado): Cauby, já falei que é pra tirar a mão da minha bunda!

Humilhada e ofendida, Dona Gerda se põe a trabalhar. Separa meticulosamente 15 toneladas de maconha plantadas por 150 meninas surdas-mudas e lésbicas da margem esquerda do Ganges; depois, reserva ao lado da erva outro tanto de estrume, gloriosamente cagado por Jurema durante o tempo em que Gerda esteve na Índia. Ela começa a rezar o Gayatri enquanto mistura tudo com água quente. E despeja sobre o Eisbein que acabara de requentar.

Dona Gerda (mandando brasa):
Aum bhūrbhuvasvah...
tat savitūrvareṇyam...
bhargo devasya dhīmahi...
dhiyo yo naha pracodayāt!

Terminada a função de Gerda, Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, russas, bêbadas, desinibidas e chapadas levam generosas porções do acepipe a todos os convivas, que se servem ansiosamente, mastigando e bebendo feito vikings.

Os efeitos ayurvédicos são imediatos.

Lana Slutz: Nossa, que eu nunca tinha visto aquele hipopótamo ali?

Lena Slutz: Eita que a bagaça tá queimando! Sai daí, flor, que eu te capoto no tapa!

Lina Slutz: Venham aqui, borboletinhas curiosas!

Salustião Porreirinha: Abram alas para Dom Sebastião! Ave, César!

Nico, o Porteiro: Mas porque a Gerdinha está com as pernas onde deveria estar a cabeça, e os braços onde deveriam estar as pernas? Cadê sua cabeça, meu Panzerzinho?

Antenor: Apertem os cintooooooooooooooos (e sai pilotando um F5)!

Jurema (impassível): Mu.

Dona Gerda esfrega as mãos de satisfação.


"Isso é que não", diz Shiva muito puto

28 de agosto de 2008

A Balada de Joãozinho Bigode, um Don Juan americano

Leitor impaciente: Parem com este silêncio!!!!! Estão pensando que aqui é a África????

Antenor (acordando): Ô, desculpa aí. Mas é que a Dona Gerda se pirulitou e ninguém sabe para onde...

Leitor impaciente: Então não tem Eisbein Afrodisíaco faz mais de um ano?

Antenor (coçando os olhos): Desde que acabou o carnaval de 2007...

Leitor (agora não mais impaciente): Ah, então pode fechar essa porra!

Mas eis que, então, antes que o leitor consiga fechar o browser, um vento elísio abre sutilmente a porta do Schopenhaus... um som de cítaras começa a inebriar Antenor... e então, surge Dona Gerda, flanando em cima de uma vaca! OHMMMMMMMMMMMMMMMMM!

LEITOR IMPACIENTE (COM LÁGRIMAS NOS OLHOS): AH, AGORA SIM DÁ GOSTO VIVER! MAIS UMA HISTÓRIA EM CAPÍTULOS DO SCHOPENHAUS!

LOCUTOR DA GLOBO: Uma história da pesada, para agitar as suas tardes! Essa galera divertida inventa mil e umas e vai botar para quebrar! Muita confusão na volta da Dona Gerda da Índia, que se apaixona por um Don Juan americano, e vai deixar muita gente de cabelo em pé! Não perca, depois do Jornal Nacional!

Antenor (com lágrimas nos olhos): Gerda! Você é uma santa! Faz um ano que eu não como um churrasco!

Gerda (desferindo um tapa de avó italiana na mão de Antenor): Azáfama! Tire as patas da Jurema! As vacas são sagradas!

Antenor: Eita!

Nesse momento um clarão descongela o Schopenhaus. Gerda, após um ano e meio na índia, nem parece ter os mais de cento e cinqüenta anos que carrega. De sári e tatuagens de henna por todo o corpo, amarra Jurema (que flutua como um balão de hélio pelo salão) a um lustre e começa a sua história:

Dona Gerda: Sabe... esse papo de cozinhar porco não combinava mais com minha luz interior... eu precisava me desbravar, saca? Revolver minhas entranhas, remexer minha sensibilidade interior, cavucar minha alma interna, tá sabendo?"

Antenor: Putz, e onde é que bota as mãos?

Dona Gerda: E foi aí que fui pra Índia... me molhar no Ganges, rezar o Kamasutra...

Antenor: Ah, então não é com as mãos...

Dona Gerda: A mente se expandiu... hoje estou em outra... depois de todo esse tempo queimando ganja e comendo mato, atingi uma dimensão espiritual superior... hoje sou mais alma que corpo...

Antenor: Eita que não tô entendendo mais nada! E por onde entra, então?

Finório Gontijo (beliscando uma pelanca de frango, única coisa que sobrou no pote de conservas do balcão): Isso pra mim são gases!

Jurema (filosoficamente): “Mu”

Dona Gerda: Assim que conheci a Jurema, Shiva me revelou que ela era minha alma gêmea... e desde então estamos andando pelo mundo, em busca do nosso karma...

Antenor: Ichi que daqui a pouco entra a Baby Consuelo nessa história...

Ops! Mais uma novela em capítulos do Schopenhaus? Hum..isto está me cheirando mal...