1 de dezembro de 2008

Ei, você aí - me dá um dinheiro aí! - parte 1

Antenor olhou pra o sujeito que se encostou no balcão e pensou: "Esse cara tem Complexo de Édipo, porque viu a mãe transando com o pai".

O sujeito pediu uma cerveja. Antenor a serviu, e reparou como o braço do homem tremia enquanto levava o copo à boca: "Ele deve ter algum trauma, talvez alguma mulher tenha tentado fazer um fio-terra nele".

O homem limpou a boca com um guardanapo, e não fez "ahhhhhhhhh", como todos nós fazemos ao tomar um longo gole de cerveja. Porém, Antenor não sabia como explicar aquilo: ele ainda estava no primeiro ano de Psicologia.

- Psicologia, Antena? Puta coisa de mulherzinha, hein? - disse Lena Slutz, dando um tapa de arrancar pulmão em suas costas.

- Psicologia não me interessa, não tem homem nesse curso - disse Lana Slutz.

- Que bonitinho, Antenor! Onde você está estudando? – quis saber Lina Slutz.

- Na FAUPAPA - disse Antenor.

- E que porra é FAUPAPA?

- Ahn... uhn... - fez Antenor.

- Eu estudei nessa faculdade - gritou Dona Gerda, da cozinha. - Faculdades Unidas Pagou Passou. Fui da turma de 23!

- EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIITTTTTTTTTTTTTAAAAAAAAAA! - fizeram as três irmãs.

Daí que Antenor agora tava com essa mania de analisar psicologicamente todo mundo.

- Quero falar com Epaminondas Carnegão – disse o homem, por fim.

- Da parte de quem?

- Valdemar Schubert Pinhão, Gerente de Recuperação Creditícia e Meritrícia da Uncle Bens, Valores e Títulos Mobiliários. Ele nos deve uma grana.

Teria sido o Schopenhaus mais uma vítima da crise financeira global? Será que o capitalismo vai fechar o bar mais querido da Internet? Quem irá salvar o Schopenhaus da falência? Não perca o segundo capítulo da incrível saga financeira de Epaminondas Carnegão, o Dr. Êpa!

"Só os picaretas conseguem alguma coisa na vida", diz o vulgo.

12 de setembro de 2008

Interlúdio Cinematográfico

Dr. Êpa (putíssimo, virando-se para jornalistas pós-adolescentes que mascam pipocas e falam ao celular atrás dele no cinema): Pândegos! Deglutidores de orangotangos! Vão caçar o Daniel Dantas e calem essa boca que a porra do filme tá interessante!
Juju Alpaca: Foi mal aí, vovô...
Dr. Êpa: Vovô é o caralho!

Sobem as cortinas.

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 5

Estava cada vez mais difícil ser James Hollywood.

- Insolência! – disseram os 60 Motoqueiros do Inferno.
- Azáfama! – respondeu James Hollywood.
- Vamos botar para quebrar – disseram as 60 bocas espumando de raiva. E as 60 pares de pernas juntaram-se a outros 60 pares de braços e, como uma divisão Panzer (a comparação era de Klaus Oyster, meia hora depois) se lançaram sobre James Hollywood, que sumiu debaixo daquela massa fétida e raivosa.
Era o fim de James Hollywood (e dos mojitos, alguém pensou).

Mas então, eis que se ouviu, alto e nítido:
- Morram, morram, explodam! – e até quem era de paz, veio ver: James Hollywood escapara de 60 mata-leões simultâneos e agora distribuía sopapos equânima e exemplarmente, por meio de uma técnica de luta aprendida durante sua passagem pelo Mar Morto. Enquanto um pé estourava o nariz de um, uma mão destroçava um rim; e, ao mesmo tempo em que outro pé quebrava os meniscos de um terceiro, um quarto era atingido por um soco que era um míssil. James Hollywood dançava o balé da morte sob um palco de ossos humanos. Os 60 Motoqueiros do Inferno aprendiam, duramente, que todo magricelo, por questões de sobrevivência, era amigo de alguém como James Hollywood.

Porém, ele foi puxado pelo colarinho para fora da sala e, jogado contra uma parede, ouviu:
- Leve-me para O lugar, Jamie...

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 4

Aquela loira era tudo o que James Hollywood queria, ele pensa enquanto vê os enormes seios da garota balançarem freneticamente acima de seu rosto. Pensa: não foi preciso ir à rua das Perdições Perdidas. Ele economizou uma boa grana, e agora pode abarcar aquela imensidão de mamas com as suas duas mãos sem pagar um centavo. James Hollywood se sente o maioral.

Um redemoinho dominou a festa. James Hollywood sentiu Klaus Oyster puxar seu braço:
- Jamie, precisamos de seus serviços.
E então James Hollywood foi levado ao olho do furacão.
Era como se um polvo enorme, saído de um filme de ficção científica dos anos 50, tivesse capturado Onion Jack. Pareceu a Hollywood que ele tentava se livrar, debatendo-se desesperadamente, mas a garota-polvo o prendia ao seu corpo com seus milhares de tentáculos pegajosos. Onion Jack tinha a sua cabeça presa aos enormes seios da garota-polvo, suas mãos, por mais que ele se esforçasse, nunca conseguiriam se encontrar dando a volta pela cintura dela; quando ela se retesava, Onion Jack ficava balançando as pernas no ar. O sorriso da garota-polvo fazia pensar que ela tinha mais de mil dentes, e o seu rosto de satisfação a cada aperto em Onion Jack fazia Hollywood se lembrar de Jabba the Hut. Mas então James Hollywood chegou mais perto e entendeu: Onion Jack estava tentando levar Walkiria Jones, a garota-polvo, para a cama – e ela estava prestes a ir.

- Meu Deeeeeeeeus! Precisamos salvá-lo das garras de Walkíria, antes que seja tarde demais – gemeu Klaus Oyster, tomado de pânico.
- Agora é comigo – disse oceanicamente James Hollywood, enquanto tirava de entre os convidados a única pessoa que poderia separar Onion Jack e Walkiria Jones: Sheila Zeitgeist, loira, alta, esguia, e a única mulher dentre as demais que comia cebola sem chorar.
James Hollywood, usando Sheila Zeitgeist como um pé-de-cabra, em instantes havia separado os dois. Onion Jack, que ainda sofria os efeitos da poderosa magia de Walkiria, se fez de besta e desapareceu festa a dentro, Sheila a tiracolo.
Walkiria Jones desapareceu sob uma densa nuvem de amônia.
Onion Jack respirou aliviado – porém, logo foi puxado pelo colarinho por 120 pares de mãos ávidas. Os gritos de vingança enchiam o ambiente: eram os 60 Motoqueiros do Inferno – irmãos de Walkíria Jones.

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 3

Ele desliga o chuveiro e caminha até o quarto, o corpo ainda molhado, ele pode sentir seu sangue correr pelas suas veias como que acelerando a uma velocidade absurda. A loira de seios enormes ronrona ao vê-lo. Subitamente, o sangue no corpo de James Hollywood começa a correr em uma única direção.

Estava na hora de James Hollywood mostrar uma de suas especialidades.
A bebida era fornecida por Castor e Polux, um formidável e sensível casal. Daquelas quatro habilidosas mãos saíam os Sex on the Beach, os Moe Flamejantes, as caipirinhas de todas as frutas imagináveis e os Hi-Fis que provocavam a combustão da festa.
Hollywood entrou na cozinha onde os dois trabalhavam febrilmente. Com um rápido olhar, achou o rum; abriu a geladeira e viu, feliz, garrafas e mais garrafas de Club Soda. Ponderou onde estaria a hortelã e os limões – na mosca. Acercou-se então da pia com os ingredientes e, indiferente aos olhares felinos de Castor e de Polux, pôs-se a trabalhar.
- Onde está a coqueteleira? – perguntou.
Polux lhe entregou uma. James Hollywood fechou os olhos e, por um momento, foi Sean Connery agitando um drink para a espiã deitada na sua cama. Abriu os olhos e quem estava à sua frente era Castor.
Despejou o líquido em um copo e deu para que ele provasse:
- São mojitos – disse Hollywood, professoral.
Castor deu um gole e passou o copo para Polux. Logo, os dois pediam, dando pulinhos e gritinhos, para que ele lhes ensinasse a preparar a bebida.

James Hollywood parou na porta da cozinha, empunhando seu mojito, tragando seu cigarro com os dedos prestes a puxá-lo da boca e olhando para o interior da casa como se estivesse no alto de uma montanha. Avistou a garota ruiva sozinha, no mesmo lugar onde a abordara, e lamentou apenas que tivesse seios pequenos – James Hollywood tinha fixação por mulheres vastas, de seios fartos e coxas amplas. Mas agora era uma questão de honra, por isso, avançou resoluto em sua direção.
- Quer provar? É um mojito – ofereceu, solícito.
- Obrigado, mas minha mãe falou que não era para eu aceitar bebida de estranhos – e ela se afastou, deixando-o com o braço estendido.
James Hollywood olhou para trás e viu Onion Jack e Klaus Oyster gargalhando – seria dele?

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 2

“Smoke on the water”, jorrava do alto-falante. “And fire in the sky”, gritava James Hollywood, agora que a flora da Ásia Central reverberava pela sua cabeça. Viera à festa em seu uniforme de Marlon Brando: uma jaqueta de couro sobre a camiseta branca, calças jeans e – ultraje ao jovem transviado – tênis a la Johnny Ramone. Isso, combinado com seu jeito litorâneo de andar (e de falar) o fazia imantado para as mulheres, apesar de todas as dificuldades inerentes à sua timidez inata. Mas agora James Hollywood encarnava Ian Gillan, e isso não estava bem, lhe fez saber Klaus Oyster:
- Jamie, você é uma fraude.

Ele se acercou de uma ruiva tão branca que era um insulto. James Hollywood tinha de levar alguém para a cama, mas ainda não estava muito claro para ele como escolher o alvo. E, menos ainda, ele imaginava como convencer alguém a dormir com ele. Por isso, aproximou-se da garota ruiva um tanto inseguro de palavras. Sabia que a primeira frase determinava o futuro da abordagem, e sabia também que era nisso que residia seu maior problema.
- Nunca estive tão perto de uma estrela.
Ela se virou, mas não disse nada, apenas o olhou – como uma estrela.
- A cor do seu cabelo, junto com a da sua pele, faz com que você brilhe como uma – e James Hollywood sorriu.
A garota ruiva então abriu sua bolsa, tirou de lá um par de óculos escuros e os estendeu a ele. James Hollywood o pegou meio sem jeito enquanto ela dizia:
- Para você não ficar cego.
E deixou-o sozinho. Hollywood pensou ter ouvido Onion Jack e Klaus Oyster gargalharem.

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 1

Acorda com um raio de sol na cara. Lentamente, estica o braço em direção ao criado-mudo, alcança o isqueiro; com o pé, pega a jaqueta de couro, largada no fim da cama, e a joga para si. Tira do bolso interno duas batatas fritas e o primeiro Marlboro do dia. Dá uma longa tragada e deseja que tudo aquilo seja um sonho.
James Hollywood olha para o lado e vê a loira de seios enormes, emborcada ao seu lado – ele ainda pode vê-los espremidos contra os lençóis. Lembra-se de como a conquistou; e esboça um leve sorriso.
Agora, apaga o cigarro e dirige-se instintivamente ao banheiro. A água quente o envolve e chama de volta a realidade, porém ela não atende: como ele havia chegado ali?

Devia ser coisa daqueles caras. Entrou na casa e logo Onion Jack estava ao seu lado.
- Tenho algo para te mostrar.
Ele abriu a mão, revelando um pequeno quadrado, feito de folhas esverdeadas, densamente prensados. Os olhos de James Hollywood pulsaram.
- São do Afeganistão, cara, e fazem um estrago impressionante.
- Do Afeganistão? – quis verificar Hollywood. – Eles fazem ópio lá, cara.
- Agora estão diversificando – esclareceu Onion Jack, grave. – Muita pressão da ONU, e agora que os marines estão por lá também...
- Os marines?
- Para ver se pegam o Bin Laden. Ouvi falar que o Pentágono desenvolveu uns submarinos que se movem debaixo da terra, Jamie. E ninguém melhor para pilotá-los do que os marines, não é mesmo?

Agora ele se pergunta porque Onion Jack lhe chamara por um nome que podia ser até de um cozinheiro, mas não era o dele – por enquanto.

Aliás, quem é Onion Jack?

29 de agosto de 2008

A Balada de Joãozinho Bigode, um Don Juan americano - Parte 2

A volta de Dona Gerda teve um efeito acachapante no Schopenhaus. Logo todos estavam num frenesi dionisíaco, numa festa com incenso, roupas de cores estranhas e curiosas charuletas de ervas fumegantes e de cheiro forte. Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, as garçonetes bêbadas e desinibidas do Schopenhaus, agora chapadas idem ibidem, dançavam o créu na velocidade 5 sem desencaixar. Jurema voava pelo salão, o sino em seu pescoço balangando ding-dongs kraftwerkianos, numa náice. Tudo ia muito bem, quando se ouve um grito e o salão pára, como que num soluço:

Dr. Êpa: Mas que libertinagem é essa?

Todos os olhos se voltam para a porta, menos os de Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, que continuavam a dançar o créu na velocidade 5 (como não falam português e estão sempre bebaças, nunca conseguiram compreender o que aquele velhinho baixinho fazia no bar).

Dr. Êpa: E que fumaceira é essa?

Silêncio.

Dr. Êpa: Antenor, bote ordem nessa quizumba a-go-ra mesmo, tá me entendendo?

Silêncio.

Silêncio.

Dr. Êpa: Antenor! Rápido com isso!

Silêncio.

Dr. Êpa: Cadê o insolente do Antenor?

Freguês desavisado: Tá caído atrás do balcão, seu Êpa - opa, opa, tira a mão da minha bunda!

Todos correm em desabalada carreira para ver o que aconteceu com Antenor.

Antenor (gravitando na órbita de Plutão): Aspiurundub?

Dona Gerda (sorrisinho no canto da boca, falando para si mesmo): Deu certo minha experiência...

Jurema (filosoficamente): Mu!

O sesquicentenário Dr. Êpa está furibundo. Resolve botar ordem no barraco antes de perder a moral com a rapaziada:

Dr. Êpa (intransigente): Joguem água na cara dele! Gerda, tire esses trapos ridículos e vá já pra cozinha! O eisbein afrodisíaco está te esperando!

Lena Slutz (indignada): Seja lá quem for, tem 5 minutos pra tirar a mão da minha bunda!

Jurema (intrigada): Mu?

Gerda (agitando os braços como uma shiva da periferia): Azáfama! Vitupério! Nunca que eu volto pra aquele matadouro! Eu agora sou vegetariana!

Silêncio.

Dr. Êpa (glosando o mote): Vegetariana é o canário! Logo agora que eu já fechei contrato pra produzir o biodiesel de eisbein a senhora me vem com essa história pra boi dormir!

Jurema (pensando no boi): Mu!

Antenor (irritado): Cauby, já falei que é pra tirar a mão da minha bunda!

Humilhada e ofendida, Dona Gerda se põe a trabalhar. Separa meticulosamente 15 toneladas de maconha plantadas por 150 meninas surdas-mudas e lésbicas da margem esquerda do Ganges; depois, reserva ao lado da erva outro tanto de estrume, gloriosamente cagado por Jurema durante o tempo em que Gerda esteve na Índia. Ela começa a rezar o Gayatri enquanto mistura tudo com água quente. E despeja sobre o Eisbein que acabara de requentar.

Dona Gerda (mandando brasa):
Aum bhūrbhuvasvah...
tat savitūrvareṇyam...
bhargo devasya dhīmahi...
dhiyo yo naha pracodayāt!

Terminada a função de Gerda, Baikal, Stolichnaya e Smirnoff, russas, bêbadas, desinibidas e chapadas levam generosas porções do acepipe a todos os convivas, que se servem ansiosamente, mastigando e bebendo feito vikings.

Os efeitos ayurvédicos são imediatos.

Lana Slutz: Nossa, que eu nunca tinha visto aquele hipopótamo ali?

Lena Slutz: Eita que a bagaça tá queimando! Sai daí, flor, que eu te capoto no tapa!

Lina Slutz: Venham aqui, borboletinhas curiosas!

Salustião Porreirinha: Abram alas para Dom Sebastião! Ave, César!

Nico, o Porteiro: Mas porque a Gerdinha está com as pernas onde deveria estar a cabeça, e os braços onde deveriam estar as pernas? Cadê sua cabeça, meu Panzerzinho?

Antenor: Apertem os cintooooooooooooooos (e sai pilotando um F5)!

Jurema (impassível): Mu.

Dona Gerda esfrega as mãos de satisfação.


"Isso é que não", diz Shiva muito puto

28 de agosto de 2008

A Balada de Joãozinho Bigode, um Don Juan americano

Leitor impaciente: Parem com este silêncio!!!!! Estão pensando que aqui é a África????

Antenor (acordando): Ô, desculpa aí. Mas é que a Dona Gerda se pirulitou e ninguém sabe para onde...

Leitor impaciente: Então não tem Eisbein Afrodisíaco faz mais de um ano?

Antenor (coçando os olhos): Desde que acabou o carnaval de 2007...

Leitor (agora não mais impaciente): Ah, então pode fechar essa porra!

Mas eis que, então, antes que o leitor consiga fechar o browser, um vento elísio abre sutilmente a porta do Schopenhaus... um som de cítaras começa a inebriar Antenor... e então, surge Dona Gerda, flanando em cima de uma vaca! OHMMMMMMMMMMMMMMMMM!

LEITOR IMPACIENTE (COM LÁGRIMAS NOS OLHOS): AH, AGORA SIM DÁ GOSTO VIVER! MAIS UMA HISTÓRIA EM CAPÍTULOS DO SCHOPENHAUS!

LOCUTOR DA GLOBO: Uma história da pesada, para agitar as suas tardes! Essa galera divertida inventa mil e umas e vai botar para quebrar! Muita confusão na volta da Dona Gerda da Índia, que se apaixona por um Don Juan americano, e vai deixar muita gente de cabelo em pé! Não perca, depois do Jornal Nacional!

Antenor (com lágrimas nos olhos): Gerda! Você é uma santa! Faz um ano que eu não como um churrasco!

Gerda (desferindo um tapa de avó italiana na mão de Antenor): Azáfama! Tire as patas da Jurema! As vacas são sagradas!

Antenor: Eita!

Nesse momento um clarão descongela o Schopenhaus. Gerda, após um ano e meio na índia, nem parece ter os mais de cento e cinqüenta anos que carrega. De sári e tatuagens de henna por todo o corpo, amarra Jurema (que flutua como um balão de hélio pelo salão) a um lustre e começa a sua história:

Dona Gerda: Sabe... esse papo de cozinhar porco não combinava mais com minha luz interior... eu precisava me desbravar, saca? Revolver minhas entranhas, remexer minha sensibilidade interior, cavucar minha alma interna, tá sabendo?"

Antenor: Putz, e onde é que bota as mãos?

Dona Gerda: E foi aí que fui pra Índia... me molhar no Ganges, rezar o Kamasutra...

Antenor: Ah, então não é com as mãos...

Dona Gerda: A mente se expandiu... hoje estou em outra... depois de todo esse tempo queimando ganja e comendo mato, atingi uma dimensão espiritual superior... hoje sou mais alma que corpo...

Antenor: Eita que não tô entendendo mais nada! E por onde entra, então?

Finório Gontijo (beliscando uma pelanca de frango, única coisa que sobrou no pote de conservas do balcão): Isso pra mim são gases!

Jurema (filosoficamente): “Mu”

Dona Gerda: Assim que conheci a Jurema, Shiva me revelou que ela era minha alma gêmea... e desde então estamos andando pelo mundo, em busca do nosso karma...

Antenor: Ichi que daqui a pouco entra a Baby Consuelo nessa história...

Ops! Mais uma novela em capítulos do Schopenhaus? Hum..isto está me cheirando mal...