12 de setembro de 2008

Uma vida na noite de James Hollywood - parte 2

“Smoke on the water”, jorrava do alto-falante. “And fire in the sky”, gritava James Hollywood, agora que a flora da Ásia Central reverberava pela sua cabeça. Viera à festa em seu uniforme de Marlon Brando: uma jaqueta de couro sobre a camiseta branca, calças jeans e – ultraje ao jovem transviado – tênis a la Johnny Ramone. Isso, combinado com seu jeito litorâneo de andar (e de falar) o fazia imantado para as mulheres, apesar de todas as dificuldades inerentes à sua timidez inata. Mas agora James Hollywood encarnava Ian Gillan, e isso não estava bem, lhe fez saber Klaus Oyster:
- Jamie, você é uma fraude.

Ele se acercou de uma ruiva tão branca que era um insulto. James Hollywood tinha de levar alguém para a cama, mas ainda não estava muito claro para ele como escolher o alvo. E, menos ainda, ele imaginava como convencer alguém a dormir com ele. Por isso, aproximou-se da garota ruiva um tanto inseguro de palavras. Sabia que a primeira frase determinava o futuro da abordagem, e sabia também que era nisso que residia seu maior problema.
- Nunca estive tão perto de uma estrela.
Ela se virou, mas não disse nada, apenas o olhou – como uma estrela.
- A cor do seu cabelo, junto com a da sua pele, faz com que você brilhe como uma – e James Hollywood sorriu.
A garota ruiva então abriu sua bolsa, tirou de lá um par de óculos escuros e os estendeu a ele. James Hollywood o pegou meio sem jeito enquanto ela dizia:
- Para você não ficar cego.
E deixou-o sozinho. Hollywood pensou ter ouvido Onion Jack e Klaus Oyster gargalharem.

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