28 de julho de 2006

Diálogo ouvido por Antenor ao passar de um anjo no Schopenhaus

- Qual a melhor banda nacional de todos os tempos?
- Ah, Joelho de Porco, sem dúvida!

Antenor: Eita! É brasa no cachimbo da véia!

26 de julho de 2006

Som na caixa, mané!

Diabo sem rabo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira)

A minha fantasia de diabo

Só falta o rabo, só falta o rabo

Eu vou botar um anúncio no jornal:

Precisa-se de um rabo

Pra brincar no carnaval



Já comprei lança

Carapuça, comprei tudo

Até o pé de pato

E capa de veludo

Mas, que diabo!

Puxa, puxa, que diabo!

Depois de tudo pronto

Eu notei que falta o rabo

25 de julho de 2006

Agora que a porca torce o rabo!!!! Eita 5!!!!

Contagem regressiva para mais uma atração com o padrão Schopenhaus de qualidade!

8
Lana: Tchans!
7
Lena: Tchuruns!
6
Lina: Oi!
5
Salustião Porreirinha: Hã, hein? Hmmmm, veja bem...
4
Garçonetes russas, bêbadas e desinibidas: Yavolt!
3
Antenor: Eita!
2
Giselda, a atuária, e Peixoto: Senhores!
1
Todos: Ó nóis aqui traveis!!!!

Participação especial de Roberto Avallone: O suspense paira no Schopenhaus, exclamação! Lena, tal e qual um centroavante rabo de vaca (não entendeu? Putz – provavelmente, você deve ler mais...) está rondando a grande área de Giselda, a atuária. Pitadinha histórica: é um ataque que me lembra do grande time do Bangu em 1946, que tinha Ronca Cuíca no gol, João Pança de Onça, Troncão e Fura-Olho na defesa; no meio, Osvaldo Tranca-Rua, Rui 38 e Molenguinho; pelas pontas, Esquerda e Direita; e no ataque, os inesquecíveis Zás-Trás e Fon-Fon, que derrotou o Grêmio de Ibitirabipoca por 1,2,3, 4 a 1, exclamação!

Salustião Porreirinha: No pique, no pique que a audiência é rotativa!




Lena (acariciando a mão de Giselda): Então, mina, cola lá na minha goma pra rolar um trança perna...
Giselda: Trança perna?
Lena: É, um sabonete, um velcro, um chega-mais-pra-cá minha nêga, um ziriguidum, um pão na chapa!
Antenor: Eita!
Lena: É, vamo virá os zóio...
Giselda: Hmmmmm

Enquanto isso, Lina Slutz tenta animar o inconsolável Peixoto.

Lina: Tá boa a coquinha, seu moço?
Peixoto (começa a cantar): Tu és... bonita e carinhosa, estátua majestosa... do amoooor, por Deus esculturadaaa......
Lina (baixando os olhos): Ói, moço...

Lana: Ah, lá, tá vendo, tá vendo? Família de comedor, Antenor!
Antenor: Tá tá tá tá (impaciente).
Salustião Porreirinha se aproxima de Lana Slutz.

Salustião Porreirinha: Quer ver minha coleção dos livros de Nietzche lá em casa?
Lana: Que lindo! Sempre quis ver uma coleção dessas?!
Salustião: Agora que a porca torce o rabo! Dona Gerda, salta dois eisbeins afrodisíacos no capricho!!!
Antenor: Eita!

Mas eis que então...

Lena: E aí, mina, tem jeito essa mixaria?
Giselda: Só se rolar um dog.
Lena: Dog? Que mané dog?
Giselda: Um cão.
Lena: Cualequié, mulé, tá me tirando como lóque?
Giselda: Não tem as manha?

Nesse momento, Peixoto pára de cantar.

Peixoto (se levantando e olhando para Giselda): Ah, o amor da minha namorada por animais...
Lina: Ãhn????
Peixoto: Giseldinha tem uma preferência especial por cavalinhos, né mô?
Lina: Abluéééééééééé...

Salustião Porreirinha: Ah, esse eisbein que não vem!!!!!

Porém Antenor irrompe da cozinha:

Antenor (gritando, desesperado): Dona Gerda sumiu!!!!!!!
Salustião Porreirinha: O quê?
Lana: Não pode ser!
Lena: Um cão?!
Giselda: Gerda? Quem é Dona Gerda?
Freguês novato desavisado: Tira a mão da minha bunda!
Lina (chorando): Eu quero a Dona Gerda...
Giselda (de novo): Mas eu quero um cachorro!
Lana: Cacetilda... agora é que vou ter de usar a berinjela mesmo!
Salustião Porreirinha: Mais uma na mão...

Cenas dos próximos capítulos

Nico, o porteiro: Olá!
Salustião Porreirinha: Tudo é uma armação internacional para roubar a fórmula do eisbein afrodisíaco do nosso país!!!
Peixoto (desesperado): Alguém viu a minha Giseldinha por aí?
Lana: Mas que porra... por que tantos cachorros, Lena?
Lina: Ai que calor... vamos embora?

24 de julho de 2006

Pequeno Interludio em Lá Menor

Antenor estava preocupado. Muito preocupado. Já eram sete e meia da noite e a panela de eisben afrodisíaco ainda não havia saído da cozinha de Dona Gerda. Os habituées já estavam ficando preocupados e as garçonetes russas, bêbadas e desinibidas já estavam ficando constrangidas. Aliás, não só Dona Gerda não tinha preparado o eisbein, como nem tinha aparecido na cozinha hoje. Clima de tensão no ar.

Só Salustião Porreirinha parecia ter alguma opinião sobre o assunto:

Antenor: Cadê a Dona Gerda, Porreirinha?
Salustião: Tá dando!
Antenor: Aié? Pra quem?
Salustião (bocejando): Pro Nico.
Antenor: Eita!

19 de julho de 2006

Pensamento perdido de Salustião Porreirinha

Beethoven morreu surdo; Jorge Luis Borges, cego; Senna, num acidente de carro. E eu, como morrerei?

Antenor: CALA A BOC... Eita! Não é que a pergunta é boa?...

Um tema musical

A Bruxa Vem Aí (Manoel Ferreira - Ruth Amaral)

Ai, a bruxa vem aí
e não vem sozinha,
vem na base do saci

Ai, a bruxa vem aí
e não vem sozinha,
vem na base do saci

Pula, Pula, Pula
Numa perna só
vem mandando brasa
no cachimbo da vovó

Pula, Pula, Pula
Numa perna só
vem mandando brasa
no cachimbo da vovó

Ai, a bruxa vem aí
e não vem sozinha,
vem na base do saci

Ai, a bruxa vem aí
e não vem sozinha,
vem na base do saci

18 de julho de 2006

Papinho besta - Pt 1

Lana Slutz: ai ai
Salustião Porreirinha: tá com dor de amor?
Lana Sluts: tô não
Salustião Porreirinha: tá com dor de cotovelo?
Lana Slutz: tô não
Salustião Porreirinha: tá com dor de dente?
Lana Slutz: tô não
Salustião Porreirinha (todo dengosinho): então quê qui tu tem?
Lana Slutz: nada não
Antenor: eita!

17 de julho de 2006

Agora que a porca torce o rabo! Eita 4!!!

Após o tumulto das seqüências anteriores, a normalidade (ou quase) volta ao Schopenhaus.

Lana: Ô Antenor, não entra homem nesse bar não?
Antenor: Claro que entra. É que nenhum abriu a porta ainda.
Lana: É fogo na barra da saia! Se eu não sair daqui com um macho hoje a cobra vai fumar, é uma gestahlt pré-colombiana apócrifa da segunda divisão! Ai, que eu tô cozida!
Antenor: Tá com crise de abstinência? Virge! Então hoje não te sirvo o eisbein afrodisíaco. Ontem você mandou três pra dentro... o coitado que saiu com você teve de dar vinte e quatro sem dobrar o joelho!!!
Salustião Porreirinha: Mais respeito com o porco, que tem quatro joelhos e dá 32 sem dobrar... ó porco, ser supremo da fecundidade! O preço da eternidade é a eterna suculência!
Lina: Tá chato aqui dentro... vamos embora?
Lana: Peraí que a sua irmã tá arrumando a janta dela.
Lina (olhando para Peixoto, desoladamente sentado no chão): Coitadinho daquele homem... tá tão tristinho...
Lana: Porque você não consola ele, criatura?
Lina: É mesmo, né? Vou levar uma coquinha pra ele! Seu Antenor, dá uma coquinha pra mim, por favor!
Antenor: Da branca ou da preta?
Lina: Hein?
Lana põe as mãos na cabeça. É fogo na barra da saia!

Lina pega a garrafa de coquinha, coloca meticulosamente um canudo cor de rosa e caminha na direção do Peixoto.

Lina (se agachando): Moço, quer uma coquinha? Tá um calor aqui dentro!

Peixoto pega a garrafa e começa a sugar pelo canudo, olhando graciosamente para Lina.

Lana: Olha lá Antenor, olha lá! Tá no sangue da família, Antenor, hahaha!
Antenor: Isso não vai acabar bem...

Enquanto isso, Lena continua com sua abordagem agressiva sobre Giselda, a atuária.

Lena: Nossa, mina, tô pirando o cabeção no teu movimento!
Giselda: Mas que movimento? Tô sentada aqui há um tempão!
Lena: Seu senso de humor me deixa louca, tá ligads?
Antenor: Eita!

E Lina está refrescando as dores de Peixoto com a sua coquinha.

Lina: Tá boa a coquinha, moço?
Peixoto: Sabe que você me fez pensar que a sociedade ainda tem salvação? Que ainda há boas pessoas no mundo?
Lina: Óia moço... não me deixa envergonhada...
Peixoto larga a garrafa e pega nas mãos de Lina.
Peixoto (olhando fixamente nos olhos de Lina): Seu coração é um lago de pureza em oceano de ódio, ambição e cobiça! Permita-me perguntar seu nome, ó anjo celeste perdido entre os homens!
Lina: Ói moço...

Lana (olhando ao redor do bar): Bom, as duas estão arrumando as suas jantas... agora, falta eu!

14 de julho de 2006

É agora que a porca torce o rabo! Eita 3!!!

Do outro lado do bar, Salustião Porreirinha está debruçado sobre a mesa, escrevendo furiosamente em seu bloco de notas.

Salustião Porreirinha (falando alto, porém para si mesmo): É claro, afinal as constelações são desenhos oníricos representando a frustração do homem... daí não haver nenhuma constelação representando o porco, porque o porco é a suprema realização do homem enquanto predador! Vai daí que...
Cliente sentado perto de Salustião (gritando): Cala a boca, porra!!!!
Salustião Porreirinha: Hã? Quem, eu? Hmmmmmm... veja bem...
O cliente sentado perto de Salustião se levanta e dá uma porrada na cara do filósofo, que tromba com Peixoto, fazendo-o cair novamente.

Salustião Porreirinha (arrumando o cabelo): Ei, o que o senhor está fazendo aqui?
Peixoto: Estou defendendo minha honra, e a honra da mulher que eu amo!

Salustião Porreirinha olha para a mesa e vê Lena acariciando a mão de Giselda, a atuária. Ele então se levanta e pega o violão, chega perto da mesa e começa a cantar:

Salustião Porreirinha (cantando como Francisco Alves, violão no peito, olhinhos fechados, a cabeça inclinada e fazendo beicinho): Minha vida.... era um páaaaaaaaaaaaaaaalco ilumiiiiiiiiiiinado... E eu vestido de doirado.... palhaço das perdidas ilusões...

Lena e Giselda se entreolham, Peixoto começa a bater o pezinho.

Salustião Porreirinha (agora rodopiando ao redor da mesa): Cheio dos guizos falsos da alegria... Eu vivia cantando a minha fantasia... Entre as palmas febris dos corações...

Antenor começa a se lembrar dos velhos tempos de Exército e da primeira vez em que pôs as mãos nos peitos de D. Etelvina.

Salustião Porreirinha (dançando por todo o bar, cantando a plenos pulmões): Meu barracão... lá no morro do Sáaaaaaaaaaaaaaaaaalgueiiiiiiiiiiiiiiiiiiro... Tinha o cantar alegre de um viveiro... Foste a sonoridade que acabou....

Uma lágrima escorre do cliente que porrou o filósofo há pouco.

Salustião Porreirinha (de joelhos frente a Lena e Giselda): E hoooooooje quando do sol a claridade.... Forra meu barracão sinto saudade.... Da mulher... pomba rola que voou...

Lana: Rola????
Lina: Ai que calor!

Agora Stolichnikaya, Smirnoff e Baikal estão dançando completamente bêbadas ao redor de Salustião Porreirinha, que canta: Nossas rooooooupas comuns dependuradas..... Na corda qual bandeiras agitadas....... Parecia um estranho festivaaaaaaaaaaaaaaallllll...

As garçonetes russas, bêbadas e desinibidas começam a escorrer languidamente por entre as mesas, acariciando os fregueses em estranhos movimentos etílicos, aprendidos durante um estágio no bar Pravda, em Vladivostok.

Salustião Porreirinha (quase encostando seu rosto em Lena e Giselda): Tu pisavas nos astros distraída... A mostrar que a aventura desta vida...... É a cabrocha, o luar e o violão.......

Lena e Giselda (socando simultaneamente Salustião Porreirinha, que vai cair do outro lado do bar): CALA A BOCA, PORRA!!!!!!!
Antenor: Eita!

13 de julho de 2006

Uma pausa para os nossos comerciais

Cenário florido, três menininhas saltitantes entram em cena, vestidas com saia de colegial e tranças no cabelo, cantando:

Sandálias Fofurinha (close no rosto das três)
Vem junto com calcinha (mostra as três dançando)
Para deixar você bonitinha (as três fazendo beicinho)
E a sua bunda, rechonchudinha (foco no popô delas, vai logo, ô câmera lerdo!!!)


Análise de Salustião Porreirinha, filósofo formado pela FFLCH:

- Hã hum, veja bem, a exibição da mulher enquanto apelo de venda vem da herança machista que é consequência cultural produto da sociedade colonial, visto que as forças do mundo sempre começam com o artigo o, comprovando que -

Nesse momento Antenor dá um tapa no filósofo, jogando-o longe:

- Cala a boca, porra!!!!!

É agora que a porca torce o rabo! Eita 2!

Giselda: Peixoto, aquelas mulheres tão olhando estranho pra gente...
Peixoto: Que nada, não tem mulher nenhuma, vem cá, segura aqui meu passe-partout.
Giselda: Não, Peixoto, é sério, será que a gente tá fazendo alguma coisa errada?
Peixoto: Que mulher o quê, a gente veio aqui pra quê? Pra dar um pega macaco, uma agarrada, um sapo-seco, um vem-cá-minha-nêga, meu telecoteco, meu balacobaco ou pra se fazer de come-dormes desmilingüidos?
Giselda: Hein?
Peixoto: Nada não. Me vê uma daquela forte, meu camarada.
Antenor: Eita!

Lena Slutz não aguenta. É agora que a vaca vai pro brejo. Levanta-se em direção ao casal.

Lena: Hoje é dia de pomarola!
Lana: Tô menstruada!
Antenor: Eita!

Lena caminha malemolentemente em direção de Giselda. Chega perto da mesa e olha para ela como Humphrey Bogart em Casablanca.

Lena: uau, uau, uau... mas que piteuzinho temos aqui!
Peixoto (voltando-se de surpresa para Lena): Hã?

Lena empurra Peixoto da cadeira, que cai no chão. Ela senta-se no lugar dele.

Lena: Então gata... pirei no seu movimento, tá ligads?
Giselda: Que movimento? Eu estou sentada há um tempão...
Lena: É isso aí mina, esse é o lance... e aí, corpão, hein?
Peixoto (se levantando): Eu realmente gostaria que a senhora se levantasse do meu lugar, por favor. Eu não gostaria de ficar enfurecido com a senhora.

Lena estica o braço e empurra Peixoto, que cai no chão novamente.

Giselda: Por favor, não jogue mais o meu Peixotinho no chão!
Lena: Então vamos pro banheiro que eu te mostro o Peixotão, vem!

Lana: Essa é a minha irmã... senta a pua, Lenão!
Lina: Ai, que calor!
Antenor: Eita!

É agora que a porca torce o rabo! Eita!!!

As três irmãs Slutz estão de costas para a porta do Schopenhaus, a cabeça apoiada nas mãos e os cotovelos no balcão.

Lana: Tá faltando homem nesse bar. Me dá uma vodka que hoje eu só vou pra casa com macho!
Lena: Antenor, desce uma daquela que matou o guarda! Com chorinho hein?
Lina: Que calor! Seu Antenor, me dá uma coquinha?
Lena: Coca preta, hein Antenor!Hahahahahahaha!
Antenor: Eita!

A porta do Schopenhaus se abre e entram Peixoto e Giselda, a atuária.

Antenor (gritando do balcão): Sejam bem-vindos!

As irmãs se viram, menos Lina, que está procurando por canudo para colocar na sua garrafa de coquinha.

Lana: Credo! Que homem horrível!
Lena: Que mulherão, caceta! Essa é mulher pra mais de mês!

As duas ficam em silêncio por um tempo, olhando para Lina, que está tomando sua coquinha toda felizinha.

Lana: Mas é por isso que não arruma homem mesmo!
Lena: Seu problema é que você nunca colou velcro! Vai ser devagar assim no programa do Ronnie Von!
Lina: Hã? Quem eu? Hmmmmm... veja bem... que calor!
Antenor: Esse calor... até eu sei de onde vem!
Lena: Olha como fala com minha irmã, senão eu te capoto no soco! Ela curte um bombrilzinho, ta ligado?
Lana: Esse cara é muito feio... mas se continuar assim, é com ele mesmo!
Antenor: Eita!
Lena: Esse cara não é páreo pra mim... furo os olhos dele fácil com meu bailado... essa mina é demais.. Meu Deus, que óculos!!!!!
Lina: Seu Antenor, tem um limãozinho pra colocar na minha coquinha?

Peixoto é levado pelo trio de garçonetes russas, bêbadas e desinibidas para o banheiro.

Lena: É agora! Essa mina é my name... é agora que eu vou mandar brasa!

Giselda, a Atuária

- Peixoto, vamo no tal do Schopenhaus hoje? Tem nome de lugar chique e eu tô louca pra estrear meu vestido novo, aquele, de bolinhas cor de avelã!
Peixoto riu e desencanou. Desde que começou a namorar Giselda já tinha se acostumado com esses rompantes da moça. Desistiu de tentar entendê-la no dia em que perguntou o que a moça fazia da vida.
- Sou atuária – disse.
Atuária. Beleza. Melhor não perguntar o que é atuária, pra não passar por ignorante. Deve ter alguma coisa a ver com química, sei lá. Até porque sempre tinham uns sacos com uns pós de cores estranhas no carro dela. Tava na cara que era química. Melhor não perguntar.
Noite de terça no Schopenhaus é sempre assim. Vazio pacas. Melhor assim, pois o atendimento fica melhor. Na verdade o Schopenhaus não é bem um lugar pra se levar a namorada, especialmente se esta for dada a estremiliques e ciúmes. Afinal, Stolichnaya, Smirnoff e Baikal, as garçonetes russas, bêbadas e desinibidíssimas do lugar tendem a ficar mais desinibidas (e mais bêbadas) quando aparece homem acompanhado.
Aparentemente Giselda, a atuária, não era de chiliques. Tanto que nem deu pela presença das beldades soviéticas quase peladas que pululavam entre as mesas. Bêbadas, derrubaram parte do supremo Eisbein (com E maiúsculo) Afrodisíaco da casa nas calças de Peixoto e, desinibidas como elas só, levaram as calças pra lavar no banheiro - com o Peixoto dentro, claro. Mesmo assim Giselda nem tchuns. Não ia passar a impressão de que era uma mulher descontrolada. Afinal, era uma atuária de respeito. Afinal, o local não estava vazio – haviam aquelas três mulheres lá do outro lado, olhando estranhamente para eles… será que eles não estavam se comportando bem em sociedade?

O Mundo como o conhecemos

Press release do Schopenhaus

Feito por Mara Porpeta, ex-camelô, ex-estrela da Rudolf e agora assessora de imprensa

O Schopenhaus é um bar bem localizado, mal-falado e bem afamado nas bocas quentes e úmidas, nos seios túrgidos e saltitantes da fina flor da societé paulistana. Conhecido internacionalmente por seu atendimento vip, proporcionado por Stolichnaya, Smirnoff e Baikal, suas garçonetes russas bêbadas e desinibidas e por suas fartas porções de tremoço à milanesa, está no guia inglês Where is That Shit in Brazil desde sua primeira edição, em 1973.

Como lá a libido e a sem-vergonhice são desenfreadas, é de se esperar que haja, eventualmente, alguma treta no local, movida ou pelo excesso de álcool ou pela falta dele. Como as garçonetes estão sempre bêbadas mesmo, as porções alcoólicas são um esmero de choro, são torrentes de lágrimas alcoólicas. É claro que o atendimento é meio lento às vezes, e os cotovelos grudam no balcão, mas, afinal, o bom sexo é meio assim também.

Nunca tumultuado e às vezes meio vazio, o Schopenhaus nunca fechou as portas desde que foi inaugurado. Dizem que suas panelas nunca foram lavadas, o que, de acordo com a lenda, garante um sabor único aos pratos servidos, como o Eisbein Afrodisíaco – quem come garante que dá oito sem dobrar o eisbein.

Aliás, o porco tem um lugar todo especial no Schopenhaus. Um dos seus mais famosos habituées, o filósofo contemporâneo Salustião Porreirinha, concebeu a sua famosa teoria sobre o mundo após degustar o Eisbein do Schopenhaus. Com a palavra, o próprio Salustião Porreirinha: “Após comer o segundo eisbein da noite, a coisa tava dura e ansiosa... ao ver as garçonetes russas, que aquela estavam mais do que bêbadas e, por isso, bem além de desinibidas, a coisa ficou ainda mais dura e ansiosa... mas sou solteiro, porque o sexo desvia o intelecto do filósofo para questões inferiores, portanto, todo aquele jorro que deveria sair de uma cabeça subiu para a outra, e foi assim que surgiu o célebre axioma: O mundo é uma bisteca!”

12 de julho de 2006

E viva o porco!

Ontem fui ao Shopenhaus. Me disseram: vai lá, rapaz, lá tem um Paprika Schnitzel que é de dobrar o eisbein. Como nada nessa vida é por acaso e eu já curto a culinária alemã, pensei – é hoje que eu vou chamar Wolkswagen de meu louro! De cara, recepcionado por garçonetes russas bêbadas e extremamente desinibidas, já comecei a mandar brasa na língua mãe de Schopenhauer, filósofo, aliás, de quem não conheço nada, mas invento pacas nas baladas. Mulher adora um intelectual.
- Gestahlt! Dobermann! Rottweiler! Meine mutter und meine füther ich bihn weissfüden – já mandando o xaveco na mulherada. Mas eu não sabia: Stolichnaya, Smirnoff e Baikal, as garçonetes bêbadas, russas e desinibidas do lugar, não só não entendiam nada de alemão como estavam tão bêbadas e desinibidas que nem de russo estavam entendendo mais nada. Passei a régua: Seu Antenor! Desce um Schnitzel e uma garrafa de Absolut no gelo que eu vou pra linguagem do corpo! E viva o porco!

Por Vanderley Sacramento da Rocha - Manuscritos de Porta de Banheiro - Ed. Schopenhaus

O segredo do sucesso do Schopenhaus

EISBEIN

INGREDIENTES:
1 joelho de porco
2 dentes de alho cortado em 2 pedaços
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de colorífico
1/4 de colher de chá de pimenta-do-reino
1 folha de louro
2 colheres de sopa de salsinha picada
1 colher de sopa de cebolinha verde picada
1 cebola média cortada em 4

MODO DE PREPARO:
Tudo numa panela, cubra com água. Tampe a panela e leve ao fogo forte até ferver. Abaixe o fogo e cozinhe até que a carne esteja macia. A carne deve ser mantida no caldo até a hora de servir, quando deve ser requentado. Sirva com chucrute e batatas pequenas cozidas com casca.

11 de julho de 2006

10 de julho de 2006

O porco como verdade e representação

"45 minutos de orgasmo", pensa Antenor enquanto passa o pano no balcão, olhando para o prato na mesa à frente. O bar está vazio, são cinco da tarde ainda. É o seu primeiro dia de trabalho.

Militar reformado do Exército, Antenor assistia televisão e jogava porrinha com os amigos até que um dia, inconformada, Dona Etelvina se mandou pra Brasília. "Isso não é pensão para quem defendeu o Brasil", dizia Dona Etelvina, e de tanto repetir o bordão - que estava fazendo a fama do casal na Vila Nhocuné -, ela resolveu se juntar ao protesto das esposas de militares por aumento no soldo.

Aquilo foi uma vergonha para Antenor. Para ele, lugar de mulher era na cozinha, ainda mais de militar. Ressabiado ele permitiu que Dona Etelvina fosse visitar uns parentes em Córrego do Bananal, interior de Minas. Mas quando viu Dona Etelvina segurando cartazes e gritando em frente ao Palácio do Planalto, ficou revoltado e envergonhado.

- Isso é que não! - bradou, e resolveu procurar um emprego.

Mas o mundo é cruel com quem tem mais de 40 anos. Comprou o Guia dos Empregos, lia com avidez os classificados do Estadão, e até comprou aquele jornaleco de comunistazinhos para ver se achava alguma ocupação. Mas quando perguntavam sobre as suas habilidades, ele apenas pensava em cavalos, armas, munição, fardamento...

Embebido em sua obsessão por um emprego, descuidou-se da vida à sua volta: já não mais mandava brasa em Dona Etelvina, que arrumou um amante; sua filha tornou-se a mais requisitada na Rua Augusta, enquanto seu filho mais novo se estabelecia como o mais bem-sucedido gerente da boca de fumo do Marcola.

Antenor pediu emprego por 10 anos. E ouviu negativas por 15.

Então, convenceu-se de que era um imprestável, um inútil, um beócio, um pulha. E decidiu tomar coragem para beber até morrer. Entrou no primeiro bar que viu e pediu uma água tônica. Demorou 1 hora para ser atendido, embora o bar estivesse vazio. Quando finalmente o garçom veio trazer-lhe a bebida, ele soltou:

- Se eu fosse seu chefe, você já estaria demitido!

Foi aí que saiu um homem por detrás do balcão, velho decrépito, que disse:

- Repita se for homem.

"O que é uma briga com um velho para alguém que vai morrer com água tônica?", pensou Antenor e cheio de coragem, disse:

- É isso mesmo!

- Está contratado! - disse o velho. Despiu o garçom e ofereceu o uniforme para Antenor, que chorando, agradeceu o velho por 2 horas por ter salvado a sua vida.

"45 minutos de orgasmo", pensa Antenor. Um lágrima escorre pelos olhos, entorpecidos pela lembrança. Tudo isso ocorreu há 5 minutos, e Antenor ainda está rezando ao bom Deus por ter encontrado um emprego. "Um dia ainda terei dinheiro para comer desse Eisbein afrodisíaco", pensa. E, com o canto dos olhos, vê Stolichnaya, Smirnoff e Baikal - as garçonetes russas, bêbadas e desinibidas - entrar no bar, completamente bêbadas e desinibidas. "45 minutos de orgasmo", pensa Antenor. Uma lágrima cai no balcão.