13 de julho de 2006

Giselda, a Atuária

- Peixoto, vamo no tal do Schopenhaus hoje? Tem nome de lugar chique e eu tô louca pra estrear meu vestido novo, aquele, de bolinhas cor de avelã!
Peixoto riu e desencanou. Desde que começou a namorar Giselda já tinha se acostumado com esses rompantes da moça. Desistiu de tentar entendê-la no dia em que perguntou o que a moça fazia da vida.
- Sou atuária – disse.
Atuária. Beleza. Melhor não perguntar o que é atuária, pra não passar por ignorante. Deve ter alguma coisa a ver com química, sei lá. Até porque sempre tinham uns sacos com uns pós de cores estranhas no carro dela. Tava na cara que era química. Melhor não perguntar.
Noite de terça no Schopenhaus é sempre assim. Vazio pacas. Melhor assim, pois o atendimento fica melhor. Na verdade o Schopenhaus não é bem um lugar pra se levar a namorada, especialmente se esta for dada a estremiliques e ciúmes. Afinal, Stolichnaya, Smirnoff e Baikal, as garçonetes russas, bêbadas e desinibidíssimas do lugar tendem a ficar mais desinibidas (e mais bêbadas) quando aparece homem acompanhado.
Aparentemente Giselda, a atuária, não era de chiliques. Tanto que nem deu pela presença das beldades soviéticas quase peladas que pululavam entre as mesas. Bêbadas, derrubaram parte do supremo Eisbein (com E maiúsculo) Afrodisíaco da casa nas calças de Peixoto e, desinibidas como elas só, levaram as calças pra lavar no banheiro - com o Peixoto dentro, claro. Mesmo assim Giselda nem tchuns. Não ia passar a impressão de que era uma mulher descontrolada. Afinal, era uma atuária de respeito. Afinal, o local não estava vazio – haviam aquelas três mulheres lá do outro lado, olhando estranhamente para eles… será que eles não estavam se comportando bem em sociedade?

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