22 de setembro de 2006

Pequeno Dicionário do Schopenhaus – Parte 1

A vida, quase sempre, tem um caráter anárquico. Como alguns leitores não entenderam esse detalhe, cabem aqui algumas explicações. O Schopenhaus não é uma novela do Manoel Carlos, não fica em Ipanema nem é um amontoado de estereótipos facilmente deglutíveis. São fotografias de arquétipos, vida real; é bastante anárquico, claro, porque a vida real é anárquica e, muitas vezes, baseada no mito da época. Alguns leitores conseguem entender porque Parsifal, na sua busca do Graal, salvou a Bela do Castelo e depois foi dormir juntinho a ela, coxa com coxa, sem nenhuma conotação sexual porque, simplesmente, a Bela era o arquétipo do feminino – sem viadagem – dele mesmo, que precisava ser salvo e protegido. Já outros leitores preferem achar que o tal cavaleiro era mesmo uma tremenda bichona, que só salvou a Bela do Castelo porque ela se vestia mal pacas. Assim é no Schopenhaus. Todas as personagens, por mais impossíveis, existem, são pessoas reais ou a mistura de várias personalidades. Como quando o artista tem que explicar sua arte pro público um dos dois é burro, vamos assumir a pecha de maus escritores e fazer um pequeno glossário pra explicar os personagens do Schopenhaus. Não está em ordem alfabética, nem de importância, nem de nada. Talvez a gente explique o porquê disso depois. ou não. Sei lá.

Antenor – Ex-militar reformado e inconformado, corno e solitário. Se encontrou no primeiro emprego civil de sua vida, já em avançada idade, como factótum do Schopenhaus;
Peixoto – Detetive de profissão. Namora Giselda, a Atuária, há pouco tempo, e não sabe o que é uma atuária. Mas sabe que ela adora animais;
Totonho Lemgruber – Psicólogo. Porrista incorrigível e viciado em baralho.
Dona Gerda – A centenária cozinheira do Schopenhaus é o ser mais mal-humorado que já existiu. Seu desejo maior é que o mundo acabe, e já. A véia ainda manda brasa e – segundo Nico, o Porteiro - muito bem.
Lena Slutz – homossexual convicta porém não invicta. A última vez que saiu com um homem foi com seu pai, da maternidade. Não gostou.

2 comentários:

Anônimo disse...

Antenor é ídolo!

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhhh, bom, pensei... acho que vcs fizeram esse dicionário pra mim, show de horror, sou um poco bobinha, baiana mas super inibida. Agora, essa introdução do Parcifal... (com perdão do introdução)... olha, foi super didático. E esse lance de encontrar sua parte feminina é bonitinha, mas é muito BroqueBéquiMontain. Tô sempre por aqui, agora estudando esse tal de arquétipo aí.