
O encantador de multidões!
CAPÍTULO 1
O telefone de marfim indiano maciço toca – uma, duas, três vezes. Sentado, ele observa o aparelho com um ar de desolação.
Cauby Peixoto: Porque alguém sempre liga quando a gente está se aliviando?
Mas o telefone não desiste – e continua tocando, cada vez mais alto, até que a dor de barriga que Cauby Peixoto sente se mistura ao barulho intermitente do aparelho e o obriga a levantar-se da privada.
Cauby Peixoto: Espero que a ligação valha muito a pena, porque ninguém interrompe Cauby Peixoto de dar a sua cagada matinal sem ser severamente punido!
Ainda trêmulo após tanto esforço, o cantor alcança o telefone.
Telefone: Tu tu tu tu tu tu tu tu
Cauby Peixoto : Infâmia!
Cauby Peixoto volta ao banheiro de 300 metros quadrados, paredes preenchidas de legítimos azulejos portugueses fabricados em 1508, suas madeixas delicadamente encaracoladas pululando de fúria e desejo de vingança. Acomoda-se novamente no trono e seu esfíncter relaxa-se. Mas eis que então...
Telefone: Triiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiiim!
Cauby Peixoto: Maldição!
Desta vez, ele se levanta rapidamente e corre em direção ao telefone – sem notar que seu esfíncter continua relaxado e deixando um rastro de alívio no caminho entre a privada e o telefone. Porém...
Telefone: Tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Cauby Peixoto: Ah, se eu pego!
Ele recoloca o telefone no ganho e volta para o banheiro.
Caminhada de Cauby Peixoto em direção ao banheiro: Splosh! Splosh!
Cauby Peixoto: Argh! Esses pés que pisaram nos melhores palcos do mundo agora amassam sua própria merda! Se eu pego o filisteu que me fez cagar na minha própria casa!
Vermelho de ódio, Cauby senta-se pela terceira vez em sua privada de ouro, cravejada de diamantes e que tem um autógrafo de um fã na tampa. Entretanto, não por acaso...
Telefone: Triiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiim!
Agora é uma questão de honra para Cauby Peixoto atender o telefone. Num átimo, ele corre até a sua escrivaninha de mármore italiano, bordada de esmeraldas e pedras ônix, e levanta o telefone do gancho.
Voz do outro lado da linha: Alô?
Um comentário:
Ah! Essa é fácil: é o Dogo Villela querendo saber qual a marca do souglu que ele usa na cabeleira
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