9 de novembro de 2006

Como é cruel cantar assim – uma novela em capítulos

Orgulhosamente apresentando...












O encantador de multidões!


CAPÍTULO 1


O telefone de marfim indiano maciço toca – uma, duas, três vezes. Sentado, ele observa o aparelho com um ar de desolação.

Cauby Peixoto: Porque alguém sempre liga quando a gente está se aliviando?

Mas o telefone não desiste – e continua tocando, cada vez mais alto, até que a dor de barriga que Cauby Peixoto sente se mistura ao barulho intermitente do aparelho e o obriga a levantar-se da privada.

Cauby Peixoto: Espero que a ligação valha muito a pena, porque ninguém interrompe Cauby Peixoto de dar a sua cagada matinal sem ser severamente punido!

Ainda trêmulo após tanto esforço, o cantor alcança o telefone.

Telefone: Tu tu tu tu tu tu tu tu
Cauby Peixoto : Infâmia!

Cauby Peixoto volta ao banheiro de 300 metros quadrados, paredes preenchidas de legítimos azulejos portugueses fabricados em 1508, suas madeixas delicadamente encaracoladas pululando de fúria e desejo de vingança. Acomoda-se novamente no trono e seu esfíncter relaxa-se. Mas eis que então...

Telefone: Triiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiiim!
Cauby Peixoto: Maldição!

Desta vez, ele se levanta rapidamente e corre em direção ao telefone – sem notar que seu esfíncter continua relaxado e deixando um rastro de alívio no caminho entre a privada e o telefone. Porém...

Telefone: Tu tu tu tu tu tu tu tu tu
Cauby Peixoto: Ah, se eu pego!

Ele recoloca o telefone no ganho e volta para o banheiro.

Caminhada de Cauby Peixoto em direção ao banheiro: Splosh! Splosh!

Cauby Peixoto: Argh! Esses pés que pisaram nos melhores palcos do mundo agora amassam sua própria merda! Se eu pego o filisteu que me fez cagar na minha própria casa!

Vermelho de ódio, Cauby senta-se pela terceira vez em sua privada de ouro, cravejada de diamantes e que tem um autógrafo de um fã na tampa. Entretanto, não por acaso...

Telefone: Triiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Triiiiiiiiiiiiiiiim!

Agora é uma questão de honra para Cauby Peixoto atender o telefone. Num átimo, ele corre até a sua escrivaninha de mármore italiano, bordada de esmeraldas e pedras ônix, e levanta o telefone do gancho.

Voz do outro lado da linha: Alô?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! Essa é fácil: é o Dogo Villela querendo saber qual a marca do souglu que ele usa na cabeleira