27 de outubro de 2006

Grandes Idéias do Capitalismo Moderno – Mas que Não Deram Certo... Parte 3

A história do capitalismo é como uma mulher gorda: todo mundo vê, mas poucos gostam. De qualquer forma, tal e qual uma mulher gorda, a história do capitalismo guarda muitos segredos por entre suas dobras. E, na maioria das vezes, esses segredos são feitos por homens obstinados, em busca da fórmula empresarial perfeita.

Doutor Epaminondas Carnegão, mais conhecido como Dr. Êpa, proprietário do Schopenhaus, é um desses homens. Formado na Universidade Empresarial da Vida e tendo lido três vezes seguidas o Monge e o Executivo, Dr. Êpa aplicava seus conhecimentos altamente especializados na árdua tarefa de fazer o Schopenhaus uma empresa up-to-date com o que há de mais moderno no capitalismo global.

Vai daí que, após um investimento maciço de capital intelectual nos processos de sua organização, Epa chegou à fórmula perfeita de maximizar os lucros, obter altos índices de produtividade dos seus recursos humanos e extrair o maior retorno sobre o investimento em seus ativos: o Desinvestimento.

Dr. Êpa: É isso aí, negada, a bagaça é bem simples. Nós vamos parar de gastar. Vamos desinvestir. Não estou falando economizar, que economizar é coisa de empresa pobre. Nós vamos desinvestir.
Nico, o Porteiro: Todo mundo nu, êba!
Dona Gerda: Desinvestir, sua besta, não desvestir!
Nico, o Porteiro: Abluééééééééééé......
Antenor: Eita!
Dr. Êpa: O negócio é o seguinte. Vamos pegar um exemplo simples: o guardanapo de papel. Hoje nós investimos em guardanapo um valor X.
Pois então. Desinvestindo no guardanapo de papel, nós vamos ganhar X mais Y, sacaram?
Antenor: Mas seu Êpa, se a gente economizar no guardanapo os clientes vão limpar a boca com o quê?
Dr. Êpa: Economizar, não, estúpido! Morsa! Desinvestir! Eu já não falei que economizar é coisa de pobre? Será que vocês não sabem quem é Peter Drucker?
Nico, o Porteiro: Eu sei! Eu sei! É um pato que se veste de marinheiro! Viu como sou esperto, Gerdinha?
Dona Gerda: Tira a mão daí!
Antenor: Tá bom, a gente desinveste no guardanapo e os clientes limpam a boca com o quê?
Dr. Êpa: Aí é que entra a lógica amortizante – vamos maximizar os lucros desinvestindo no que é inútil e adaptando o conceito. Papel higiênico é mais barato e vem em rolos, o que elimina o desperdício. Desperdício, não, que empresa que se preocupa com desperdício é pobre, vamos chamar de restrição de consumo por item, que tem mais valor agregado.

Assim se disse, e assim foi feito. Ao invés de joelho de porco suíno, Dona Gerda passou a utilizar joelho de porco humano, vindo da rua da Consolação, oriundo de um fornecedor coveiro amigo de Nico, o Porteiro. Ao invés de lavar as panelas após cada preparo, as panelas começaram ser lavadas mensalmente; e no banheiro, revistas ilustradas ao invés de papel higiênico: “assim, os fregueses poderão aumentar seus conhecimentos durante a cópula sexual, afinal vai estar tudo impresso nas nádegas”, era o conceito brilhante de Epa.

No entanto, um mês depois, três fiscais da Sunab (Suínos Ululantemente Nervosos Arrumando Briga) apareceram para vistoriar o estabelecimento. Epaminondas Prático, Heitor Mangaratuba e Cícero de Abreu entraram na cozinha e se surpreenderam com o que viram.

Três fiscais da Sunab: Caramba! Dá pra gente morar aqui!
Dr. Epa (disfarçando): É coincidência, amigo, ou temos os mesmos nomes?
Três fiscais da Sunab: Vamos sair da Sunab e vamos entrar para o MST e fazer a reforma agrária desta cozinha!
Dona Gerda: MST?
Três líderes do MST (agora de língua presa): Movimento dos Suínos Tripudiados!
Antenor: Eita!
Três líderes do MST: Tá expropriado! Abaixo os latifúndios! Todo poder aos porcos oprimidos pelos empresários!

Para encurtar a história, Dr. Epa teve soltar uns cafezinhos para os Três líderes do MST, que resolveram então se transformar nos Três Manos do PCC (Porcos Corruptos e Criminosos) – mas isso é uma outra história...

2 comentários:

Anônimo disse...

Eita!

ex-amnésico disse...

Insolência! Infâmia! Azáfama!

Terra para quem te enterro! Tá ligado, truta?